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sábado, 2 de novembro de 2013

Trabalho de Conclusão de Curso - O “mito” da monografia: algumas dicas de um orientador e avaliador

Bom dia a todos! Primeiramente gostaria de me desculpar pelo atraso na postagem sobre o Trabalho de Conclusão de Curso, surgiram alguns empecilhos, mas iniciaremos hoje as postagens sobre este tema que é de suma importância para todos os alunos, independente do curso.

A série será composta por 4 postagens, começando hoje com o texto preparado pelo professor Me. Felipe Pontes, do blog Contabilidade e Métodos Quantitativos.

As outras postagens consistirão na opinião de alguns professores sobre os TCCs apresentados no último período na Universidade Federal da Paraíba no curso de Ciências Contábeis, abordando sobre os pontos fracos, pontos fortes e dicas. Fica aqui o convite para outros professores que queiram contribuir com as futuras postagens.


Apesar do conteúdo extenso, o texto preparado pelo professor Felipe Pontes é muito enriquecedor e lhe auxiliará bastante a sanar algumas dúvidas sobre pesquisa científica e contem várias dicas sobre a execução da mesma.

Segue texto abaixo:


Marcelo me convidou para escrever essa postagem algumas vezes (e eu acabei esquecendo algumas vezes), aí então resolvi parar o que estava fazendo para falar um pouco sobre esse tema que é amado por muitos que já passaram por ele, mas odiado por muitos que ainda estão por passar: a monografia (ou TCC como alguns preferem).

Quando pensei em abrir o arquivo em branco para começar a escrever, refleti: eu já escrevi tanta coisa, já dei até palestra sobre isso... será muito fácil! Então quando “comecei” a escrever, me deparei com o problema que vocês que estão matriculados na disciplina de monografia/TCC têm quando pensam em iniciar a monografia: faltou um pouco de background” para escrever. Não que eu não tenha o que falar sobre o tema, há muito que falar, porém eu não tenho uma boa memória, então tive que voltar às minhas anotações e postagens no Contabilidade & Métodos Quantitativos para começar a ter ideias sobre o que escrever.

Então já nesses primeiros parágrafos eu dei três dicas (subliminares) para que vocês consigam fazer sua monografia e ter sucesso na defesa (o nome defesa não é muito legal, pressupõe um ataque...). A primeira foi que vocês precisam se planejar, ter um cronograma que deve ser cumprido, para que o seu orientador possa te ajudar a fazer um bom trabalho. Se você não tem um cronograma que possa ser cumprido, seu orientador ficará “perdido” na orientação. É importante que você e seu orientador trabalhem juntos, pois ele já tem alguma experiência com trabalhos desse tipo. Se você é uma pessoa dedicada ao trabalho, não deixa tudo para a última hora, se faz um trabalho sério, seu orientador defenderá você perante a banca. Caso contrário, você estará sozinho na defesa. Isso pode ser ruim. Então não vacile com o cronograma e planejamento do seu orientador. Isso é muito ruim!

As outras duas dicas são em relação à literatura que você utilizará para embasar o seu trabalho. Geralmente você tem uma ideia (que muitas vezes vem da leitura de vários trabalhos, aí você chega na sua própria ideia) para poder começar a escrever. Contudo tenho visto os alunos que defendem suas monografias um tanto quanto perdidos quanto a isso (o problema e o os objetivos devem estar linkados). É preciso que, a partir da ideia geral, você busque a literatura para embasá-la. Com base nessa literatura pesquisada (referencial teórico e revisão da literatura) você poderá melhorar a sua ideia e buscar formas de solucionar seu problema, atingindo o seu objetivo geral. Para isso é importante que você leia muitos e muitos artigos científicos! E faça fichamentos!! Fichamentos são essenciais para que você possa concluir sua monografia em tempo hábil sem muitas dificuldades na hora de escrever.

Uma dica que eu dou para o fichamento (isso é como eu faço, não quer dizer que seja a melhor forma) é (a) fazer a referência do que está sendo lido, (b) colocar um resumo do artigo, preferencialmente feito por você, (c) ler o artigo todo (ou as partes que são interessantes ao seu trabalho) e ir fazendo comentários sobre o que você copiou do artigo. São esses comentários (regra geral) que eu uso nos meus artigos (eu não gosto de usar citação direta).

Utilizando essas dicas, boa parte dos seus problemas estão resolvidos. Não é fácil. Mas quem disse que seria fácil? Contudo, você tem prazo para isso. Basta não deixar para a última hora.
Então finalizo essa parte com algumas dicas de leituras:
  1. Procure no Google Acadêmico por palavras-chave de temas que você gostaria de estudar melhor. Por exemplo: “assimetria informacional” and “contabilidade”;
  2. Leia jornais e revistas da nossa área como o Valor Econômico e a Capital Aberto (tenho quase diariamente ideias de pesquisa a partir deles);
  3. Leia blogs especializados na nossa área como (não posso deixar de me citar né?) C&MQ, Métodos Contábeis, Informação Contábil, Contabilidade Financeira, Ideias Contábeis, entre outros;
  4. Use o Facebook e o Twitter para o bem. Siga pessoas que possam contribuir com conteúdo relevante, como o The Wall Street Journal, Infomoney, The Economist, UOL Economia, Investopedia, Going Concern, Journal of Accountancy etc.

Fora essas dicas de leitura, seguem algumas outras dicas com base na minha experiência sobre o que eu tenho visto nas monografias e nas minhas orientações:
  1. Programe-se e seja disciplinado (mais uma dica);
  2. Cuidado com o uso de juízo de valor. Aqui no blog eu posso usar juízo de valor, na monografia não! (veja aqui);
  3. Use referências de qualidade. Referências de qualidade que eu me refiro são de revistas boas. Artigos de eventos, teses e dissertações ainda não são a publicação final, então evite citá-los (existem alguns casos raros de boas pesquisas que ainda não foram publicadas na versão final da revista, mas são raros). Livros devem ser usados para estudar, não para fazer a sua monografia, então evite-os também;
  4. Metodologia da pesquisa não é dizer o tipo da pesquisa. A definição do tipo da pesquisa deve ser uma parte bem inicial, com um ou dois parágrafos (às vezes pode até ser suprimida da versão final). Na metodologia você deve deixar bem claro ao leitor como é que você fez o trabalho para que ele possa entender e até mesmo replicar seus resultados (essa é uma característica fundamental da ciência);
  5. As considerações finais não são um resumo expandido da sua pesquisa. O blog Contabilidade Financeira até já postou sobre isso, mas não encontrei a postagem. A dica que eu dou é que você termine o trabalho e passe alguns dias refletindo sobre os seus resultados. Após isso, escreva suas considerações finais. Nela você deve trazer algo novo, que não foi citado no texto ainda. Cabe até um pouco de juízo de valor;
  6. Busque ler em inglês. Mas não é ler em inglês porque é EM INGLÊS. É ler em inglês porque o inglês é uma língua fácil de ler e entender, por isso ela é a linguagem da ciência. Então os melhores artigos dos autores são publicados em inglês, para que a maior parte dos usuários possam ler e entender... então busque journals relevantes para procurar artigos também relevantes; e
  7. Não pare na monografia. Fora a banca (quando ela lê!), muito provavelmente, ninguém lerá sua monografia. Escreva um artigo da sua monografia e envie a algum congresso (recomendo a USP ou ANPCont, que têm sessões de iniciação científica), após o congresso envie a alguma revista. Isso é bom para você e para o seu orientador, pois seu trabalho não terá sido em vão.

Apesar de tudo isso que eu disse, sempre vai ter alguém na banca que “implicará” com você. Por exemplo, tem gente que diz que a monografia tem que se basear exclusivamente em livros... Vai saber...

Lá no C&MQ nós temos uma tag sobre monografia e pesquisa. Dêem uma conferida, pois lá tenho outras dicas, já que não dá para falar sobre tudo em uma única postagem.

Boa sorte a todos!

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